Durante o pleito eleitoral que ocorreu nos Estados Unidos da América (EUA) foi possível analisar a postura do presidente Donald Trump nas questões relacionadas com a América Latina, de forma principal as situações que envolvem o México e Cuba. Não somente na questão de imigração, mais também na interferência política da sua ideologia e governo.
Por Eduardo César Soares Filho
Professor
Os poucos avanços na relação entre Cuba e os EUA podem ser extintos pelo presidente Trump, que atacava os avanços e conquistas da ilha com pronunciamentos controversos carregados de ódio direccionados à nação e principalmente ao seu ex-governante Fidel Castro. O presidente americano fecha os olhos para os avanços na ilha em todos os campos. Cuba fornece médicos, óptimos professores, engenheiros e treinadores desportivos para toda América Latina, além de muita tecnologia na produção agrícola com métodos inovadores, sem a utilização de agentes químicos, e fertilizantes naturais para produção rural em toda América Latina.
No México não é diferente, grande parte da população mexicana enxerga seu presidente Penã Nieto e a elite mexicana como “funcionários de Trump”, pois somam interesses do capital interno e externo e atacam a classe trabalhadora do México. A classe trabalhadora mexicana, sindicatos e movimento estudantil deram início no mês de Janeiro a uma grande onda de manifestações.
A União Nacional dos Trabalhadores (UNT), a Nova Central dos Trabalhadores (NCT) e a Coordenação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) e todos os sindicatos que não apoiam o “Pacto por México” (Acordo para contra-reformas e privatizações assinado pelos três principais partidos mexicanos: PRI, PAN e PRD) são os únicos que podem e devem coordenar acções para construir uma unidade para lutar contra o “Gasolinazo” (Um grande aumento nos preços do combustível no México).
Foi marcada para o dia 26 de Fevereiro uma grande paralisação nacional e geral dos trabalhadores mexicanos. Se faz necessário mobilizar o país e paralisar os postos de trabalho. Se deve exigir também à Morena (Movimento de Regeneração Nacional liderado por López Obrador), Solalinde (padre dos movimentos pelos imigrantes e articulador das atuais assembleias de mobilização), EZLN (Exército Zapatista de Liberação Nacional), ao CNI (Conselho Nacional Indígena) e a todas as organizações camponesas, indígenas e populares que construam de forma militante as mobilizações e uma grande jornada de luta.
Diante da crise política no país, o grande empresário, explorador dos trabalhadores mexicanos e dono da maior fortuna do México e 4º maior do mundo, Carlos Slim, chamou a “Unidade Nacional dos Mexicanos”. Como acção, propõe usar a bandeira mexicana como perfil nas redes sociais e fomenta a utilização das “empresas mexicanas” contra as estrangeiras. Slim, meses atrás, também tinha proposto uma jornada exaustiva concentrada em três dias e aposentadoria aos 75 anos para os trabalhadores do país. Os trabalhadores não querem unidade com os patrões mexicanos. Ao contrário. O que é necessário na actual situação no México é a unidade entre trabalhadores, camponeses, indígenas e o povo trabalhador de ambos lados da fronteira, para enfrentar os capitalistas estrangeiros e locais além dos seus governos.
Mais uma vez na história de nossa sociedade podemos ver o poder financeiro transformando a política, novamente questões sociais e humanas não são bases de governo na América Latina e o interesse do império e das grandes empresas prevalece em relação as necessidades imediatas de seu povo. A América Latina ainda traz muitas feridas da exploração sofrida e de suas ditaduras vividas.
Muitos amigos, familiares e grandes pessoas de nossa cidade foram vítimas de atrocidades cometidas pelos mesmos que hoje querem projectar uma reforma que só interessa a eles mesmo e suas empresas. Seja em qual nação for não é possível humanizar o capitalismo, o capitalismo é desumano por essência e sua existência somente se dá através de exploração, da miséria e da fome.